sexta-feira, 6 de outubro de 2006

"Desde que existe a morte, imediatamente a vida é absurda. Sempre pensei assim”
Amália Rodrigues




Amália Rodrigues, que contava 79 anos, foi encontrada sem vida às oito horas da manhã do dia 6 de Outubro pela sua secretária particular. Logo de seguida, o Primeiro Ministro António Guterres decretou três dias de luto nacional pela morte de Amália Rodrigues.

O desaparecimento da intérprete de 'Estranha Forma de Vida', 'Uma Casa Portuguesa', 'Vou Dar de Beber À Dor', 'Com Que Voz', 'Fado Português', 'Ai, Mouraria' e 'Libertação', entre muitos outros fados, é classificada como uma grande perda pelas principais individualidades portuguesas.

Jorge Sampaio disse de Amália que esta foi uma senhora que sempre soube resistir às evoluções dos regimes. "Projectou Portugal no mundo quando era difícil. É uma grande emoção, e é um dos raros momentos em que os portugueses estão todos unidos", disse o presidente da Républica à Antena 1. Em conferência de imprensa, Jorge Sampaio afirmou ainda "foi a pessoa que mais marcou os espíritos portugueses". Para o presidente da Républica, Amália nunca perdeu o seu prestígio: "Ao vê-la envelhecer, recordámos sempre o seu auge. Deu à identidade portuguesa outra faceta. Amália morre, mas ela está sempre viva, e será sempre mantido o seu fado, a sua música, a sua pessoa".

De acordo com informações prestadas pela Valentim de Carvalho, Amália Rodrigues tinha regressado no dia 5 de Outubro da sua casa de férias, em Brejão, quando se sentiu mal, vindo a falecer já durante a madrugada na sua residência habitual. Segundo Lionilde de Jesus Henriques, secretária da cantora, devido à sua indisposição, Amália teve de recusar um convite para estar presente numa corrida de touros em Vila Franca de Xira, a favor de Timor-Leste, onde seria convidada de honra.

À porta de sua casa na Rua de S. Bento, cerca de duas centenas de pessoas esperavam-na para acompanhar um cortejo triste até à Basílica da Estrela. Entre gritos e choros, a maioria das pessoas que acompanharam o carro eram anónimos admiradores. Os lisboetas despediram-se da fadista com palmas, mas as lágrimas corriam pela cara de muitas das pessoas que ali se encontravam, enquanto nas varandas das ruas por onde passou o corpo de Amália, foram vistos vários lençóis brancos e moradores a acenarem com lenços. Na Basílica da Estrela esperavam centenas de populares para se despedirem de Amália Rodrigues.

Deixa uma imagem mítica nunca alcançada por ninguém. Deixa um povo agradecido. Se o fado é dor, é melodia, é poema, é amor, é vida, é fatalismo, é luz, é de pensar. Amália sentiu na sua alma algo que nunca poderá dizer. Nós só lhe poderemos dizer Obrigado.



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