Localizado no 189 da Wallace Ave, desde há muito que aquele cantinho, bem português, tem vindo a ser palco para pequenos agrupamentos musicais dos mais variados estilos e até alguns artistas que se dedicam às suas carreiras a solo, como poderemos ver através de elaboradas fotos postas nas paredes daquele acolhedor restaurante bar.
Não esqueçamos que antigamente a maioria das casas de Fado, em Lisboa, talvez ainda fossem mais pequenas. Algumas até mais pareciam ser autênticos corredores. Uma vez terminada a noitada teríamos que aguardar que os utentes que haviam chegado por último saíssem para que os restantes também deixassem o local.
Depois de se ter comido o célebre Caldo Verde, e este com bastantes couves como eu gosto, e depois o chouriço, morcela e azeitonas com o gostoso pão de milho, e como não podia deixar de ser tudo isto empurrado pela garganta a baixo com um bom vinho, os guitarristas, como é de apraz, executaram uma variação para logo se seguirem as vozes todas elas bem afinadinhas deleitando a audiência que não se cansava de aplaudir.
Não é necessário comentar a Veterana Luciana Machado pois esta já é sobejamente conhecida e querida por todos nós, e por isso vamos deixar o requerido espaço para nos referirmos ao João Carlos Silva que sendo novo nas fileiras deu brado com as criações de Fernando Farinha. E creio que mesmo sem o querer fazer acabou por ecoar perfeitamente a chamada da parada.
Sempre que se escuta o Fado cantado pelos fadistas que ainda não têm o seu próprio reportório, e poucos são os que o têm, por vezes temos a convicção de que estes ao cantarem parecem querer imitar os colegas mais experientes ou que lançaram a cantiga em questão.Tenhamos em mente ou aprendamos, se necessário for, que qualquer fadista ou cançonetista ao cantar a sua cantiga preferida, involuntariamente dá a entoação do intérprete com quem a aprendeu. Por exemplo:Vejamos uma Marisa, que embora tenha um estilo próprio e uma voz inconfundível, muitas vezes despercebidamente, creio, soa como a Saudosa Diva ou não estivesse ela mesmo vestida à maneira. E como gostamos de a ver assim. Não hajam dúvidas...!

Lino Salgari
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