David Mourão-Ferreira recordado no Museu do Fado
O fado "Primavera" cantado por Amália e escrito por David Mourão-Ferreira em 1953 constituiu uma inovação na época, o que é destacado numa exposição que abre ao público sexta- feira no Museu do Fado, em Lisboa.
"Esta relação, que hoje nos surge como absolutamente natural, na época revela uma inovação e uma grande coragem dos dois, na medida em que não era normal um académico escrever para fado, nem uma fadista cantar poemas eruditos", disse à Lusa David Ferreira, filho do poeta.
"Na altura, quando o meu pai [David Mourão-Ferreira] começou a escrever para fado foi muito criticado. Na universidade diziam-lhe para se deixar de fadistices. Mas Amália também foi criticada por cantar letras à Picasso, como alguém afirmou", recordou David Ferreira.
O encontro entre os dois foi promovido por Rui Valentim de Carvalho, cunhado de David, que o desafiou a escrever "para a grande fadista".
Ao fado "Primavera", com música de Pedro Rodrigues, seguiu-se "Libertação", dois anos depois, iniciando-se uma relação que se manteve durante anos e que é visível em álbuns e EP, nomeadamente "Busto", "Abandono" ou "Fado português".
"O que é assinalável no caso do meu pai [David Mourão- Ferreira] é que escreveu tendo em conta a métrica fadista, isto é, pensando na sua adaptação a melodias de fado tradicionais", explicou David Ferreira.
Poeta, ficcionista e também ensaísta, Mourão-Ferreira escreveu o livro "à guitarra e à viola", constituído exclusivamente por poemas para fado.
Além de Amália, David Mourão-Ferreira escreveu para outros fadistas, nomeadamente Francisco Pessoa, e também para a música ligeira, caso de Simone de Oliveira.
O poema "Praia de Outono" foi interpretado com música de Nóbrega e Sousa por Simone de Oliveira e em fado por Celeste Rodrigues.
"Curiosamente, David Mourão-Ferreira foi, de todos, o poeta que Amália mais cantou, mas outros também cantaram coisas suas e isso está documentado na exposição e no respectivo catálogo", assinalou David Ferreira.
Na sua avaliação, o catálogo "está muito completo e será um contributo para melhor conhecermos o contributo e as preocupações de David Mourão-Ferreira com o fado".
"Há muitos textos seus, também patentes na exposição, em que reflecte sobre o fado, a sua ligação com a poesia, e sobre Amália Rodrigues", disse.
Fotografias, manuscritos, algumas páginas dactilografadas com correcções feitas à mão e registos fonográficos integram a exposição, que estará aberta até 30 de Setembro.
David Ferreira referiu à Lusa a existência de registos fonográficos de fadistas como Mariza, Camané ou Cristina Branco que recriam fados de David Mourão-Ferreira.
Esta exposição traz algumas novidades, como um registo fonográfico do poema "Escada sem corrimão", que "até aqui se julgava uma criação de Camané, mas parece ter anteriormente sido cantado" por outro artista.
Falecido em 1996, David Mourão-Ferreira foi poeta, ensaísta, ficcionista, jornalista, professor universitário e tradutor.
Escreveu apenas um romance, "Um amor feliz", pelo qual recebeu vários prémios, entre eles, o Grande Prémio de Romance e Novela 1986.
NL./Lusa
O fado "Primavera" cantado por Amália e escrito por David Mourão-Ferreira em 1953 constituiu uma inovação na época, o que é destacado numa exposição que abre ao público sexta- feira no Museu do Fado, em Lisboa.
"Esta relação, que hoje nos surge como absolutamente natural, na época revela uma inovação e uma grande coragem dos dois, na medida em que não era normal um académico escrever para fado, nem uma fadista cantar poemas eruditos", disse à Lusa David Ferreira, filho do poeta.
"Na altura, quando o meu pai [David Mourão-Ferreira] começou a escrever para fado foi muito criticado. Na universidade diziam-lhe para se deixar de fadistices. Mas Amália também foi criticada por cantar letras à Picasso, como alguém afirmou", recordou David Ferreira.
O encontro entre os dois foi promovido por Rui Valentim de Carvalho, cunhado de David, que o desafiou a escrever "para a grande fadista".
Ao fado "Primavera", com música de Pedro Rodrigues, seguiu-se "Libertação", dois anos depois, iniciando-se uma relação que se manteve durante anos e que é visível em álbuns e EP, nomeadamente "Busto", "Abandono" ou "Fado português".
"O que é assinalável no caso do meu pai [David Mourão- Ferreira] é que escreveu tendo em conta a métrica fadista, isto é, pensando na sua adaptação a melodias de fado tradicionais", explicou David Ferreira.
Poeta, ficcionista e também ensaísta, Mourão-Ferreira escreveu o livro "à guitarra e à viola", constituído exclusivamente por poemas para fado.
Além de Amália, David Mourão-Ferreira escreveu para outros fadistas, nomeadamente Francisco Pessoa, e também para a música ligeira, caso de Simone de Oliveira.
O poema "Praia de Outono" foi interpretado com música de Nóbrega e Sousa por Simone de Oliveira e em fado por Celeste Rodrigues.
"Curiosamente, David Mourão-Ferreira foi, de todos, o poeta que Amália mais cantou, mas outros também cantaram coisas suas e isso está documentado na exposição e no respectivo catálogo", assinalou David Ferreira.
Na sua avaliação, o catálogo "está muito completo e será um contributo para melhor conhecermos o contributo e as preocupações de David Mourão-Ferreira com o fado".
"Há muitos textos seus, também patentes na exposição, em que reflecte sobre o fado, a sua ligação com a poesia, e sobre Amália Rodrigues", disse.
Fotografias, manuscritos, algumas páginas dactilografadas com correcções feitas à mão e registos fonográficos integram a exposição, que estará aberta até 30 de Setembro.
David Ferreira referiu à Lusa a existência de registos fonográficos de fadistas como Mariza, Camané ou Cristina Branco que recriam fados de David Mourão-Ferreira.
Esta exposição traz algumas novidades, como um registo fonográfico do poema "Escada sem corrimão", que "até aqui se julgava uma criação de Camané, mas parece ter anteriormente sido cantado" por outro artista.
Falecido em 1996, David Mourão-Ferreira foi poeta, ensaísta, ficcionista, jornalista, professor universitário e tradutor.
Escreveu apenas um romance, "Um amor feliz", pelo qual recebeu vários prémios, entre eles, o Grande Prémio de Romance e Novela 1986.
NL./Lusa
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